A última crónica neste
blog, chamada “A Náusea”, terminava assim: “Cuidado com os desejos que repetem sem parar os
recalcitrantes. Imaginem que se realizam”.
O Tempo das Carpideiras
Do que aconteceria ou acontecerá se esses desejos se
realizarem, foi dada uma primeira demonstração com a demissão do ministro das
Finanças. Foi também possível ter imediatamente uma ideia do desastre que esse
facto apenas, significa para a (falta de) credibilidade dum país que tenta
reconquistar penosamente a sua alforria financeira. Os juros da dívida
começaram a subir e a bolsa de Lisboa a cair.
Ontem, a tomada de posse da nova ministra das Finanças, a
quem foram confiadas responsabilidades de rigor normalmente associadas à
racionalidade masculina, contrasta com a demissão de Paulo Portas, num amuo mais
próprio da emotividade feminina, ou, como disse Congreve: “Hell hath no fury like a woman
scorned”.
A demissão de Portas é duma
irresponsabilidade absoluta, sem nenhum atenuante ou desculpa. Com a
possibilidade da queda da coligação, os juros da dívida dispararam de tal forma
que se perdeu o resultado dos sacrifícios feitos durante dois anos. A Bolsa de
Lisboa caiu em crash, com os investidores a livrarem-se de todos os activos
portugueses a qualquer preço. Num só golpe, aos olhos que contam no
estrangeiro, Portugal juntou-se ao clube da Grécia e de Chipre, eurolixo.
Nas circunstâncias presentes,
não é fácil para nenhum primeiro ministro encontrar alguém competente (e
suicida) para as Finanças. Por um lado, é preciso manter a credibilidade junto
de credores e representantes da União, do Banco Central e de outras
instituições internacionais. Por outro, tentar ao mesmo tempo satisfazer as
sensibilidades (ia escrever “hormonas”...) de prima dona do parceiro de
coligação, torna a tarefa quase impossível.
A Falta de Rigor
Pior mesmo, só eleições
antecipadas e a possível chegada ao governo dos socialistas. Vale a pena
lembrar o que aconteceu muito recentemente em França com a eleição de Hollande.
Uma pequena esperança em França (porque já conheciam o personagem) e um
embandeirar em arco do PS em Portugal. Foi tudo por água abaixo em poucos meses,
não conseguiu nada, ninguém lhe liga nenhuma, os franceses mostram nas
sondagens (e eleições locais) que até lhe preferem a extrema direita. E ainda
há “anjinhos” que acreditam que a chegada do PS ao governo seria diferente no
nosso país.
Portugal gasta mais do que
produz, está falido e endividado, portanto tem que reduzir despesas nos
serviços do estado e pagar as dívidas, para poder viver dentro dos seus meios.
Qualquer governo tem e terá que resolver estes problemas. “Muito claramente”, sr.
Seguro, “qual é a pressa” em saltar neste caldeirão, sem ideias, sem programa,
sem competência?
Dos muitos problemas de que
sofre a sociedade portuguesa, a falta de rigor é certamente o pior. Nunca é fácil governar
este país, porque quando tem dinheiro esbanja em vez de investir, e quando não
tem, o que acontece a maior parte do tempo, ninguém se entende.
A “Choldra”
Não é verdade que o rei D.
Carlos tenha usado esta expressão para se referir ao povo ou à classe política
do seu reino. Foi mais uma calúnia, entre tantas outras, inventada por gente
que, esses sim, efectivamente mereciam o epíteto.
Pesquisa-se para trás na
história, tanto quanto se queira, lê-se o que escreveram os cronistas,
historiadores e escritores de cada época e encontram-se descrições, sérias ou
sarcásticas, da mesma “tropa fandanga” de açambarcadores da coisa pública,
sugadores de benesses de reis e governos pródigos, abusadores de privilégios de
classe sobre a generalidade da população. A regra constante tem sido sempre
tentar viver à custa do Estado e dos poucos que produzem riqueza, por
apropriação de bens ou obtenção de rendas ou empregos.
Em relação à totalidade da
população, houve na história poucos chefes com visão e estratégia, poucos
exploradores, poucos conquistadores, poucos empreendedores e poucos
colonizadores. Mas encontram-se muitos parasitas, muitos esbanjadores, a tentar
ultrapassar complexos de inferioridade atávicos com ostentações de novos ricos
ignorantes cujo ridículo ainda hoje não foi esquecido na Europa.
Nos dias que correm, a “choldra”
aplica-se como uma luva a muitos políticos, jornalistas, comentadores e
sindicalistas, que mentem como respiram, com a aparente convicção de quem
passou a acreditar nas próprias mentiras.
Salve-se quem puder
O presente governo começou com
uma única vantagem: a de não ser o despesista governo anterior. Ganhou uns
pontos ao conseguir convencer portugueses competentes e desinteressados a
deixarem o conforto dos seus lugares no estrangeiro para ajudarem a salvar um
país falido e (mal) habituado a viver a crédito.
Tentaram durante dois anos. Travaram
a queda financeira, ganharam alguma credibilidade no estrangeiro e obtiverem
juros menores e mais tempo para pagar as dívidas. Mas não conseguiram vencer os
interesses instalados, dos donos da economia do país aos manipuladores das
massas ignorantes.
O país vai sobreviver, mas o
seu lugar na Europa e na zona euro, mudaram definitivamente. A democracia coxa da
terceira república e a sociedade de falsa abundância, acabaram. Portugal voltou
ao terceiro mundo. Como dizia António Vitorino a propósito do governo de Sócrates: habituem-se.
JSR
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