A paciência esgotou-se, enough is enough. O homem parece não se
dar conta que o seu prazo de validade
na prateleira, ou fora dela, já foi ultrapassado há muito. Mário Soares voltou
à infância intelectual e, curiosamente, muitos supermercados do palavreado
inscrevem-no nas suas marcas brancas,
entre as promoções e os descontos em
cartão partidário.
O Tide da memória lava cada vez mais branco
Desdobra-se em artigos e
entrevistas contra um governo democraticamente eleito, que está a ter (relativamente...)
mais sucesso nas suas políticas do que alguma vez tiveram os governos de que
ele fez parte ou dirigiu, quando lhe foram dadas essas oportunidades. Esquece-se
do período em que ele próprio teve que pedir ajuda ao FMI e dos problemas gravíssimos
que o país então enfrentou, entre os quais o empobrecimento rápido disfarçado
pela inflação.
Foi um péssimo ministro numa
descolonização desastrosa, um primeiro-ministro incompetente que não conhecia
os dossiers, um Presidente caricato com as suas palhaçadas nas viagens de
estado e sem respeito pelas suas obrigações constitucionais, pois já nessa
altura fazia campanha contra o governo de então.
A origem das espécies...
Agora não há disfarces, a tragédia está à vista de todos
e não é com encantações oratórias que se resolve. Mas o nosso comentador e
articulista, além de muitos e variados dislates, até compara a situação actual
com as conjuras e a desordem que precederam o assassínio de D. Carlos e do
príncipe herdeiro, que efectivamente terminou com a monarquia constitucional. Sem
esquecer o “constitucional”.
Soares vem duma tradição de
conspirações republicanas, de lojas maçónicas, de grupos violentos da carbonária
e outros que, após o regicídio, não faziam a mínima ideia de como se governava
uma nação. A primeira república trouxe algumas boas intenções, mas muita
desordem e crimes de toda a ordem. Arruinou a pobre economia existente sem lhe
substituir qualquer alternativa realista, a não ser considerar seriamente a
venda das colónias para ganhar mais algum tempo de desgoverno.
...e os creacionistas
Não fosse um inevitável golpe
de estado militar, que acabou por levar ao poder um “padreca” astucioso que pôs
as finanças em ordem e a choldra terrorista na cadeia, e esses “republicanos” teriam
conseguido destruir de vez o país. Por isso o regime fascizante de Salazar
nunca teve oposição significativa. A sociedade ganhou em ordem o que o povo perdeu
em liberdades democráticas que na realidade nunca tinha conhecido. A população
esfomeada e farta de guerras civis, aceitou a troca durante algum tempo.
A situação mudou após a
segunda grande guerra, quando uma nova geração se sentiu asfixiada por um
regime autoritário em apodrecimento rápido. A grande burguesia encostava-se ao
Estado, como de costume. A pequena burguesia dividia-se entre os medrosos e os
manhosos. Alguns intelectuais e os movimentos operários foram recuperados pelo
partido comunista.
Dizer o bem...
Neste contexto, Soares teve um
papel importante em dois momentos históricos. Primeiro, participou na
resistência à ditadura de direita e conspirou para instaurar uma regime
marxista de esquerda; foi exilado e exilou-se, mas continuou a ser um ilustre
desconhecido fora das intrigas nacionais. Depois, teve um papel fundamental na
resistência à tentativa de tomada de poder dos comunistas quando se apercebeu
do seu papel secundário em relação a Cunhal; em tempo útil, o dinheiro dos
alemães fez nascer um monstro, com o seu próprio partido para o servir.
A situação económica actual é
grave no mundo, na Europa e em Portugal. Já há demasiados especialistas a
opinar segundo as suas escolas de pensamento, as suas ideologias e os seus
interesses, para que venham dilettantes
juntar-se ao coro de ilusões de que “a política” tudo resolve. Uma política
económica europeia, sim, politiquices nacionais, não.
...e o mal dizer
Contava-se em Paris que “son ami Mitterand”, que era
tudo menos seu amigo, lhe chamava “le rastaquouère”, um insulto miserável vindo
dum “socialista caviar”, poseur,
maquiavélico e arrogante. Nessa altura a França estava cheia de emigrantes
portugueses, ignorados e explorados em bidonvilles,
com a excepção de alguns (poucos) privilegiados. Estavam bem um para o outro.
Neste momento, as teorias
farfalhudas que levaram Holande à Presidência da França, já estão na poubelle da história. Dos grandes
socialistas que ajudaram a fazer a Europa, restam alguns descendentes fortuitos
sem grandeza e sem ideias.
Moral da história
Os meios de informação
exploram-no agora com a mesma crueldade e falta de ética com que ele e os seus
amigos por ele, exploraram os outros durante toda a sua vida política. Façam-lhe
o favor e façam-nos o favor, de o deixar em paz. Ele já não se dá conta do
prejuízo que causa ao país quando faz soar as trombetas complacentes dos media,
para alardear os seus instintos populistas nos momentos mais inoportunos.
Se sente a necessidade de fazer
funcionar os neurónios exprimindo o que lhe passa pela cabeça, pode sempre
escrever um blog para os amigos, se possível com um nome improvável, pois assim
não virá grande mal ao mundo...
É altura de dizer: basta.
JSR
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