Ultimamente, não tenho tido
tempo para fazer nada de interessante. Acontece, juntam-se compromissos e
assuntos em atraso. Mas há dias estava a rever uns papers, com a
televisão em background como de costume, quando passou um noticiário. Às tantas
oiço que um grupo de jovens foi recebido pelo Presidente da República por terem
inventado qualquer coisa e ganho um prémio. Tomei atenção, porque é desta gente
que depende o futuro do país.
A televisão entrevistava alguns
e algumas, mais ou menos articulados, até que chegou a um rapaz: “Estou muito
contente por ter cumprimentado o Presidente, uma pessoa tão... tão... (quase
que se ouvia as rodas dentadas a raspar dentro do crâneo) uma pessoa com... com...
uma pessoa com tanta exposição mediática!”. Truz, catrapuz, trambolhão das
minhas esperanças.
Para estas cabeças de trombone,
o Presidente da República não é o supremo magistrado da nação, não é o chefe do
estado, não é uma pessoa genuinamente importante na nossa organisação política, não, é apenas mais um
badameco com grande exposição mediática. Ao mesmo título que qualquer político
sound bite, futebolista incoerente, cantor pimba, actor de novela, apresentador
de programa low cost ou participante em reality show.
Não admira, quando a televisão
tem como programas mais populares os
jogos de feira medieval com anões obesos e mulheres de bigode. Como na
feira, também há cartomantes e adivinhos, drag queens e megeras aos gritos, prestidigitadores
e vendedores de banha da cobra, clowns ricos e palhaços pobres. Para além das
inevitáveis raparigas rechonchudas e desconcentradas, porque lhes sobrou pouco
tempo e pouca roupa depois de pagarem as portagens da ribalta, acompanhadas
duns rapazinhos muito tatuados e perfurados (de piercings...). Tudo no mesmo
saco, desde que tenha human interest, ou seja, potencial de coscuvilhice. São programas
feitos para atrair e embrutecer audiências.
Sobram uns quantos espertos,
que podem ter umas ideias brilhantes, mas que sem o know how ou a profundidade
mental para as saberem capitalizar e explorar, acabam por vender as ideias a
estrangeiros. Obviamente que nem tudo é mau nem são todos assim, felizmente, mas muita
gente das novas gerações vê o mundo deformado pela caixa dos bonecos.
Aquele rapazote “mediático” tinha
inventado o quê?
JSR
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