Está tudo doido?
Preocupados com as políticas
económicas e financeiras do governo, com o descalabro da justiça, com a
crescente insegurança, com o desemprego, furiosos com as reduções de salários,
espoliados pelos impostos, sim, decerto e com toda a razão. Mas é preciso
manter o bom senso e a noção do
ridículo.
São todos os dias caixas de
e-mail cheias de mensagens, múltiplos posts no facebook, as mesmas histórias
enviadas por pessoas diferentes uma e outra vez, com pedidos ou mesmo
intimações para difundir a todos os amigos, para que ninguém ignore esta ou
aquela malfeitoria.
Além das redes sociais, chegam
frequentemente à comunicação social todo o tipo de denúncias de falcatruas
feitas por políticos, autarcas, banqueiros, empresários e variadas figuras
públicas.
São histórias de abusos e má
utilização dos dinheiros públicos por quem deveria ter por dever zelar pelos
interesses da nação, da autarquia, da empresa estatal. São casos flagrantes de
corrupção, de favorecimento, de má gestão, de expedientes de fuga à justiça.
Casos que poucas vezes são resolvidos e os poucos que são demoram tanto tempo
que falham totalmente o objectivo de servir de exemplo à sociedade.
Simultaneamente, nestas mensagens
corre muita falsidade, invenções e aparente surpresa por aquilo que são as
diferenças naturais de responsabilidades profissionais e a correspondente
remuneração. Diferenças criadas pelos estudos e pela experiência, pela
competência e pela capacidade de empreender. Parece que muitos se esquecem que se não houver alguns que
criem riqueza e que saibam comandar, não há trabalho para os outros, nem
solidariedade social sustentável.
Por detrás de toda esta
avalanche de denúncias, está uma insatisfação real, baseada em factos e
percepções de um descalabro de sentido de estado, de valores, de ética, por parte
de uma geração que cresceu com liberdade mas sem disciplina, com informação mas
sem critério, com ídolos ocos mas sem figuras exemplares.
“Limpar os estábulos de Augias”,
foi um dos trabalhos de Hércules. Para o realizar, ele necessitou da ajuda dos
deuses para desviar dois rios, que ao passarem pelos estábulos arrastaram o
estrume acumulado durante trinta anos. Trinta anos?! Premonitório, não? Não, a
história acontece, ensina-se, repete-se e ninguém aprende nada.
JSR
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