Numa esplanada da Costa da
Caparica, depois dum passeio pela localidade e de ingerirmos uma quantidade
inconfessável de amêijoas em casa de uns amigos, ficámos a conversar, o meu
neto e eu. O resto do grupo foi passear pela beira mar debaixo dum Sol saariano.
Estava a aprender as últimas
novidades sobre os jogos de computador, quando do outro lado dum pilar ouvimos:
- Olhe aqui, rapais, aquela é
uma bunda de 150 Euros!
- Né, bem redonda, mas você
tem melhor por aí.
Eram os empregados brasileiros
da esplanada a avaliar as raparigas que passavam, ou melhor, as “mininas”,
porque “rapariga” tem la cuisse légère
no Brasil, embora com a discussão do valor comercial das “bundas” se fique
realmente sem saber quem é quem.
Continuaram assim, nesta
conversa, avaliação e comentários, “bunda” de tantos Euros para cá, “bunda” de tantos Euros para lá, durante
um bom bocado de tempo. Até que o meu neto, cuja falta de conhecimentos da língua
portuguesa é uma das minhas fontes de irritação, levantou o nariz do iPad onde
estava aparentemente absorvido a jogar “Minecraft” e perguntou:
- Vovô, what means “bunda”?
Nem tudo está perdido. Mais
umas estadias regulares em Portugal, a entrada na adolescência e o rapaz vai
falar português pelos cotovelos.
JSR
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