Friday, June 1, 2012

106 - A Maga Patalógica (Conversas Surrealistas)

Maga Patalógica
Visto na TV, ao acaso do zapping compulsivo num dia de gripe:

Uma senhora duma certa idade, sentada a uma secretária, baralha cartas de tarot enquanto responde a perguntas dos telespectadores:
(she looks like the witch Magica De Spell/Maga Patalógica of the Scrooge McDuck/Tio Patinhas comic books)

- Então, minha amiga, o que me conta, qual é o seu problema?
- Queria saber se vou arranjar um trabalho melhor.
(that’s it?)
- Mas então o que é que faz?
(first comes the fishing for information)
- Classifico facturas.
(the woman is like a clam)
- E que estudos é que tem?
(this fishing is going to be a pain)
- Sou licenciada em gestão de empresas.
(really? to sort invoices? probably got a degree from Plucked Chicken Farm University...)
- É casada?
(my bet that she isn’t)
- Não.
(of course)
- E tem namorado?
(some people like clams...)
- Não.
(... but not enough of them...)
- E quais são os seus interesses?
(good question)
- Han... nada de especial...
(why am I not surprised?)
- Vamos então lançar as cartas... diz aqui que o seu emprego presente está seguro...
(first the good news)
... mas para encontrar outro melhor precisa de continuar os seus estudos...
(here goes the hook into the water...)
- Estou a preparar o exame para técnica oficial de contas...
(and only says it now? this woman is the scourge of all witches)
- Então é isso.
(right on! guess the audience is impressed with the divinatory powers of tarot...)
- E vai correr bem?
(easy, this one)
- Claro que vai. E então vai conseguir um emprego melhor e a sua vida vai mudar. (...) Próxima chamada...
(all things considered, maybe they dont pay the witch enough to deal with these customers)

Pensamentos depressivos provocados pela irritação duma dor de cabeça, com olhos a chorar e nariz a correr:
É certo que estes são programas televisivos da manhã, os chamados “enchidos” para uma audiência envelhecida e simplória, que procura o entretenimento fácil. Muito bem, não é isso que falta. Mas daí a deitar na gamela dos telespectadores programas de astrologia, de cartas de adivinhação, de superstições e escapismos, é de uma incrível falta de respeito. Além de gravemente perigoso. Porque estes espectadores são cidadãos eleitores, a quem obviamente não foi ensinado a pensar de forma racional e lógica, que acreditam em todos os contos do vigário, sobretudo os que vêm escritos nos jornais ou contados na televisão. Destes espectadores depende também o funcionamento da democracia, é preciso não esquecer. Com este tipo de lixo a encher as cabeças duma parte do eleitorado, que espécie de maiorias podemos esperar que nos governem? Medíocres. Cada país tem o governo que merece.

JSR 

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