Tuesday, February 21, 2012

92 - El Corte Inglés

Pelourinho...
Aquela grande loja perto do Parque Eduardo VII em Lisboa, só pode ter sido concebida como chafarica de bairro, onde se vai a pé comprar um molho de brócolos ou um par de peúgas, quando se mora perto. Para os outros, para os que vêm de mais longe, é preciso uma boa dose de masoquismo para a frequentar, porque o acesso ao parque de estacionamento é um verdadeiro atentado contra os utilizadores, assim como um desrespeito das boas práticas de arquitectura, engenharia e urbanismo.
Quem foi apanhado na armadilha uma vez, nunca mais lá quer voltar: uma rampa em caracol projectada por anões para mini-carros, estreitíssima, longa, estonteante, necessariamente lenta, de enfurecer o mais calmo. Deve ser repintada frequentemente, mas estão bem visíveis os sulcos deixados pelos carros que raspam as paredes. Mas então não há normas para a construção e segurança destas coisas? Porque é que não foram cumpridas? Quem foram os membros da quadrilha que tornou possível esta aberração?
Os culpados deviam ser castigados por incompetência, incúria ou corrupção: o arquitecto que desenhou o projecto, o promotor que o aceitou e o responsável pelo urbanismo da Câmara que o aprovou; o engenheiro que construiu e o fiscal que aprovou a obra concluída. Todos deviam ser condenados a ter que utilizar a rampa num carro de tamanho médio, descer até ao andar mais baixo e voltar a subir, todos os dias e até ao fim das suas vidas. Que seriam decerto curtas, pois dentro de pouco tempo se suicidariam de desespero e de remorsos.
JSR

2 comments:

  1. O pior é que a rampa se calhar até cumpre os regulamentos... eu, como projectista, já vi coisas legais que me arrepiam! Porque não mais esta... mais uma vez, na maior parte dos casos das aberrações urbanísticas/arquitectónicas devem-se a leis mal feitas do que a maus projectistas... apesar de também os haver!

    ReplyDelete
    Replies
    1. Tem toda a razão. Se as leis e regulamentos tivessem que passar pelo crivo da racionalidade, metade (é preciso ser generoso...) ficavam no papel. Se os seus autores fossem responsabilizados pelas consequências, haveria muito menos aberrações.

      Delete