Friday, January 27, 2012

88 - Os Limites da Liberdade e da Democracia

O impasse económico actual faz com que apareçam cada vez mais claramente os limites de funcionamento das democracias ocidentais, do capitalismo liberal que as sustenta e do exercício da liberdade individual dos cidadãos na qual se baseiam.
Todos estes conceitos e as suas justificações filosóficas, encontram-se agora diante do ataque frontal de concepções diferentes e competitivas na escala global. Como instrumento de avaliação, ou benchmark, está apenas a eficácia na gestão económica e a sua consequência politica no poder dos estados.
As democracias europeias e norte-americanas atingiram um equilíbrio social e uma prosperidade alargada, ambos devidos ao crescimento económico em todas as áreas produtivas nos anos que se seguiram à segunda grande guerra do século passado. Foi bom enquanto durou, mas chegou ao fim.
A liberalização do comercio mundial, a queda das tarifas protectoras das especificidades de cada estado ou de cada região económica, pôs em competição global directa todas as empresas e todas as classes produtivas. As empresas com vantagens comparativas de qualidade, produtividade ou implantação de mercado, assim como os gestores e profissionais mais bem preparados, podem ver os seus lucros ou remunerações crescer. Mas as empresas e os trabalhadores mais expostos à competição vinda de lugares de mão de obra mais barata, sem ou com menores custos de protecção social, acabam por desaparecer ou perder os postos de trabalho.
Este re-equilibrio mundial favorece os países emergentes e assinala a decadência das antigas potências industriais da Europa e da América do Norte. Com as dificuldades económicas questiona-se tudo o que tem feito a superioridade, ou pelo menos a diferença, das sociedades Ocidentais: a democracia secular, o capitalismo liberal, o estado social.
Pode um despotismo benevolente à la Singapura equilibrar melhor os interesses de diferentes comunidades, juntas num processo acelerado de desenvolvimento? Pode o capitalismo de estado, apropriado por um partido ditatorial, sacrificar a maior parte da população ao enriquecimento e projecção do poder do país, como está a fazer a China? Podem países subdesenvolvidos, mas ricos em recursos naturais, ser representados apenas pelas máfias que se apropriaram do poder e dos despojos, investindo as sobras nos fundos soberanos em seu benefício, como fazem os emires do petróleo, alguns ditadores africanos, ou também a Rússia?
Das respostas a estas perguntas, debatidas com o alarme da preocupação e da urgência  nos meios académicos e políticos, depende o futuro. Tudo o resto são situações conjunturais. 
JSR

Sunday, January 22, 2012

87 - A Crise Chegou ao Paredão de Cascais (Conversas Surrealistas)

"As Banhistas" de Joana Rosa Bragança
Nestes dias que o calendário pretende serem de Inverno, mas onde a temperatura é de Primavera e o Sol é de Verão, a crise chegou insidiosamente ao paredão de Cascais. Realmente nada parece o que é.
São quase duas da tarde e conseguimos mesa num restaurante, estranho, costuma haver fila, mas nas mesas apenas uma família inglesa está a almoçar, nas outras predominam águas e cafés.
Ao sentarmo-nos, devemos ter atravessado uma descontinuidade de espaço/tempo, porque aterramos inadvertidamente num daqueles programas televisivos para sopeiras do tempo da outra senhora.
Extractos do diálogo duma mesa para outra, em diagonal, duas balzaquianas magras com o mesmo cabelo longo, pintado em farripas, ripado:
- Olá, é a Zé-Zé, não é?
- Sou...
- Ah, mas está tão bem! Bem mesmo! Não a via desde o “take” em Oeiras. Nem parece que... Sou a irmã do Chico.
- Tenho andado doente.
- De quê?!
- Da cabeça...
- Isso andamos todas! Todas! Mas... é por causa do Pedro?
- Sempre foi um pai ausente, mas agora que eu tenho um amigo está sempre a telefonar às filhas. 
Chega uma miúda vinda da praia (cópia conforme da mãe, cerca de 12 anos, mini-saia e botas de montanha), interrompendo o diálogo.
- Mãe, estou cheia de fome.
- A menina quer comer aqui ou esperar pelo Pedro? Não sei onde ele quer ir com vocês.
- O pai está com a Nhô-Nhô.
- Falei com ele e disse que vinha mais tarde.
A filha senta-se e a Zé-Zé faz telefonema após telefonema, freneticamente, intercalados apenas com beijos e marradinhas no companheiro, calado, ausente.
Subitamente:
- Mafalda, telefone ao Pedro.
- Quero ir almoçar com a Nhô-Nhô, estou cheia de fome. E a Pilar também.
A Pilar chega da praia, quatro ou cinco anos, vestidinho de Alice no País da Maravilhas, meias altas e sapatos de verniz. Quer ficar de costas para o Sol e arrasta uma cadeira à volta da mesa, encalhando com tudo o que não se afasta tão “presto” como os cães estacionados por ali.
- Quero um hambúrguer.
- Mafalda, tome lá o telefone.
- Não.
Pouco tempo depois chega um tipo baixote e anafado com uma rapariga pós adolescente, beija as miúdas, beija a balzaquiana da outra mesa, diz “Olá” à Zé-Zé, faz um aceno ao tipo sentado na cadeira do lado como uma “potted plant” que inesperadamente sussurra entre os dentes “senhor doutor...”, e voltando-se para as miúdas:
- Já almoçaram?
- A Pilar quer um hambúrguer.
- A Mafalda também.
A Zé-Zé para o empregado:
- Oh, faz favor!
- Queremos duas saladas disto e daquilo, dois hamburguers, um deles com um ovo a cavalo, mais uma dose de batatas fritas e coca-colas e uma super-bock e...
No meio da conversa generalizada de mesa a mesa o tipo anafado acabou por se sentar com a outra balzaquiana, que imediatamente lhe começou a ajeitar o cabelo e a camisa, a encostar-lhe a cabeça ao ombro e a fazer outros tagatés ternurentos.
À mesa do lado chegaram os almoços, todos comeram, as miúdas voltaram à praia, a “potted plant” desapareceu sem que ninguém se tivesse dado conta, a Zé-Zé partiu a caminho da casa de banho. Ficaram as peças de roupa nas cadeiras e a loiça na mesa.
Finalmente, da outra mesa em diagonal o “senhor doutor, pai ausente” pediu a conta, olhou para o papel, olhou à volta para a mesa do lado vazia, pegou na máquina que o empregado lhe estendia e marcou o código.
JSR

Saturday, January 14, 2012

86 - Os Desastres das SCUT

"The Toll Gate" by Cornelius Krieghoff
Published 2/02/2012 by "Jornal do Fundão".
                                                                    A introdução de portagens electrónicas nas auto estradas Sem Custo para o UTilizador é, além dum contra-senso, um monumento à imprevidência financeira, à ignorância económica e à miopia política.
A intenção original era boa, desencravar o interior do país com uma rede de auto estradas. Mas de boas intenções está o inferno cheio. E então a indispensável concorrência do caminho de ferro? Antes das auto estradas, levava-se sensivelmente o mesmo tempo numa viagem de carro por caminhos de cabras glorificados com o nome de estradas nacionais, ou pelo caminho de ferro lento e desconfortável. Num caso como noutro, de Lisboa às Beiras era um dia de viagem, com paragens frequentes e uma média de 50 a 60 km hora. A rede de transportes era má, atrasada e resultou na desertificação do interior, onde não havia progresso porque ninguém se arriscava a investir.
A solidariedade europeia e nacional custeou o investimento nas infra-estruturas, mas porquê apostar tudo nas estradas e porque não foram melhoradas de forma semelhante as linhas férreas? Como em tudo o que é concessionado, porque não foram imediatamente cobradas portagens, mesmo simbólicas, mas sempre preferíveis porque o custo é reconhecido e amortizado sobre um período mais longo? Mudar agora de ideias é de uma falta de visão política, económica e estratégica de fazer desanimar qualquer um. Quando se faz uma asneira, primeiro assume-se e depois analisa-se bem como corrigi-la sem que a emenda seja pior do que o soneto.
É precisamente isso que está a acontecer. O que em teoria era uma ideia brilhante, na prática revelou-se ser uma forma conveniente para alguns malandros com a responsabilidade de defenderem o interesse público, negociarem contratos leoninos para as empresas e em detrimento do Estado, para depois serem descaradamente recompensados com a saída directa das funções públicas para as empresas que tinham favorecido.
Ainda não foram auditados completamente nem renegociados os contratos das parcerias público-privadas. Mas agora, antes (ou em vez?) de corrigir as asneiras anteriores procurando restabelecer a equidade contratual e financeira através de legislação, auditorias e tribunais, passou-se já à parte mais fácil que é taxar o utente indefeso e prejudicar o investidor crédulo. Estas portagens inesperadas são prejudiciais sobretudo para o interior centro do país onde irão agravar a desertificação, pois destruiram a previsibilidade no planeamento de custos das empresas em geral, não só das que contaram com baixos custos de transporte e vêm agora o tapete a ser-lhes tirado debaixo dos pés, ou das rodas, mas também das que poderiam vir a instalar-se e lhes é lembrado que não podem contar com nada de estável, nem custos, nem impostos, nem legislação.
Parece que estas portagens são as mais caras da Europa e, para juntar insulto à injúria, a cobrança electrónica vem aumentar o elemento de estranheza, confusão e incómodo que afastarão o turismo para outras paragens. Tantas declarações acerca da importância do turismo e agora, nem os estalajadeiros e o seu pessoal escapam. Sucessivas campanhas de publicidade, investimentos públicos e privados estão a ser destruídos pelas notícias na internet onde as redes sociais dão conta da aberração da cobrança electrónica em termos sarcásticos e agressivos. Os resultados estão já a ver-se nos cancelamentos e nos desvios para outras paragens menos complicadas e mais acolhedoras. As campanhas de publicidade e anos de trabalho foram destruídos para sempre, porque os comentários e queixas na internet nunca mais se apagam.
Dizem que parece anedota, mas não tem graça nenhuma que se acabe com o turismo estrangeiro rodoviário no interior, porque só os masoquistas se sujeitam às incongruências da instalação dum sistema complicado para o utilizador pagante, tecnologicamente despropositado em zonas maioritariamente rurais. Cobram-se uns milhões em portagens, mas quanto se perde em receitas de turistas estrangeiros? Turistas que faziam funcionar pequenas e médias empresas que eram o balão de oxigénio para o emprego em localidades onde muitas vezes não há outras ocupações. Hotéis, restaurantes, unidades de turismo de habitação e rural, assim como toda a cadeia de fornecedores que disso dependem.
Analisemos por um momento a perplexidade dos automobilistas estrangeiros que entram desprevenidos em Portugal e se deparam com a multiplicidade de placas indicando que têm que pagar uns quantos  euros  de espaço a espaço. Uma espécie de mealheiro irritante e incompreensível. Muitos esperam até encontrar um stand de portagens, mas só encontram um já de outra auto estrada e esquecem o assunto. Outros percebem a diferença e quererão pagar, mas como? Parar numa estação de serviço só serve para lhes impingirem um dispositivo temporário de três ou cinco dias, que em muitos casos já não cobre a viagem de volta. Pedir explicações é igual a falar com uma parede.
Os visitantes frequentes, entre os quais os portugueses emigrados, telefonam para as entidades indicadas pelos media como responsáveis ou participantes nesta confusão, ou acedem aos sites respectivos na internet. Assim começa uma viagem à terra de ninguém da burocracia no seu esplendor mais malévolo. As informações são, ou incompreensíveis, ou erradas, ou contraditórias, ou incompletas, ou inexistentes. Passes rasteiros entre as Estradas de Portugal, a Via Verde e os CTT.
Para os persistentes com a sorte de encontrar num balcão alguém que vá confirmar com o superior se é possível fazer o que está no site da internet, que o superior chame o perito em informática porque não sabe como aceder a esta possibilidade no computador, que o perito saiba o que fazer para descobrir esta coisa de que nunca ouviu falar apesar das sessões de formação, o aspirante a utilizador tem que mostrar uma vez e outra as regras que imprimiu por precaução para obter o que pretende, e só depois de hora e meia lá consegue obter um dispositivo.
Mas depois, como aceder à conta de visitante frequente para saber o saldo e como recarregar essa conta? Ah, isso... não seria melhor ver mais tarde, terá que haver com certeza uma actualização nos sites dos CTT, da Via Verde, das Estradas de Portugal, ou... (dizem claramente as expressões acabrunhadas dos que se acumularam do outro lado do balcão) do diabo que carregue quem se lembrou deste sistema?
JSR

Saturday, January 7, 2012

85 - Portugal no Ano do Dragão

A China é tradicionalmente representada por um dragão, como a Grã-Bretanha por um buldogue ou a Rússia por um urso. Lembro-me de em criança ter tido um mapa da Europa onde cada país era representado por um animal.
Depois de séculos duma presença residual em Macau, são os chineses que têm chegado paulatinamente a Portugal. Primeiro, invadiram o pais com lojas de produtos a preços que destroem toda a concorrência. Agora, com a compra das acções do estado na EDP, abrem o caminho a outras participações importantes na economia nacional, no acesso aos mercados europeus e aos países de língua portuguesa.
O dinheiro não tem cheiro e raramente tem nacionalidade. Acontece que esta é uma das ocasiões em que tem. Os investimentos dum país governado por uma ditadura de partido único, onde a nomenclatura é efectivamente uma classe oligárquica acima do povo, são mais do que investimentos de capital, são instrumentos de politica internacional.
A 23 de Janeiro começa também o ano do dragão no calendário da astrologia  chinesa. A sabedoria de Confúcio e a precaução negocial dos mandarins que se confrontaram com os bárbaros que chegavam ao Império do Meio, recomendavam que mesmo não acreditando nas crenças dos outros é necessário conhecê-las. Ou seja: estar a par do que acredita quem acredita, a fim de compreender como pensa e como decide quem decide. Parece uma chinesice mas não é, talvez seja útil ler a frase outra vez. Por crenças não se referiam à astrologia, na qual os chineses acreditavam e acreditam, mas aplicaram o termo às novas ideias e religião trazidas para a China pelos portugueses e outros europeus.     
Embora o conselho seja sempre útil, chegou agora a altura em que se torna uma questão de sobrevivência para Portugal tomar as devidas precauções e as medidas de contenção necessárias. A China é uma máquina de produção para a exportação, que manipula o cambio da sua moeda a fim de manter as importações o mais caras possíveis e as exportações subsidiadas. Com custos mínimos de mão de obra e sem preocupações de solidariedade social, pode investir os lucros da economia no poder do estado dentro e fora das fronteiras, na perpetuação do regime e na qualidade de vida dos membros do partido e das forças armadas. O povo, tanto invocado pelas utopias comunistas, não tem nem voz, nem voto, nem benefícios sociais, e só partilha pouco e muito lentamente da prosperidade do pais.
Duma forma pragmática, todo o investimento é bem vindo. Vale a pena recordar que os xeques árabes enriquecidos pelas nacionalizações das companhias petrolíferas, investiram o seu dinheiro nos países dessas mesmas companhias, em Londres, em Paris, em Nova York. Beneficiaram todas as partes envolvidas. Mais tarde, a venda das torres de La Défense em Paris ajudou o Kuwait a pagar o esforço de guerra americano para derrotar a invasão pelo Iraque. Da mesma forma, a compra da dívida americana coloca vendedores e compradores com interesse igual na defesa do dólar.
É preciso que fique claro que a invasão pacífica pela China tem consequências importantes para Portugal, não só na economia onde até podem ser benéficas, mas também nas relações internacionais, onde o seu peso vai mudar as teias de interesses existentes, constituídos na Europa como no resto do mundo. Essas consequências têm que ser antecipadas e bem analisadas, para que a dinâmica desta nova situação possa ser usada em proveito nacional e não apenas para satisfazer ambições pouco recomendáveis.
JSR

Tuesday, January 3, 2012

84 - Um Blog em Eclipse Parcial

Monk-Scribe Astride a Dragon - mid 12th cent.
NY's Met.MA
Passou um ano e é tempo de avaliação. Este blog começou como uma experiência, uma contribuição para as conversas entre amigos próximos, ou a continuação dessas conversas, de acordo com a evolução da actualidade nacional e internacional. Começou por ser um blog privado, ou seja, aberto apenas a um grupo restrito que conhecia o título e fechado às pesquisas em série ou aleatórias.
Após várias hesitações, foi sendo aberto apenas parcialmente, devido a quem foi passando o endereço a um e a outros e se foram estabelecendo links com pessoas com quem é interessante dialogar, cada qual à sua maneira. Mais difícil é estabelecer o tipo de tertúlia que aparece naturalmente quando há vários contribuidores a escreverem posts.
Alguns comentadores têm a self-assurance de o fazerem na zona própria do blog. Outros, temendo a exposição, mesmo num blogue discreto como este, preferem faze-lo por e-mail, sms ou telefone, o que quase sempre é uma pena, pois aparecem comentários com interesse e humor que deviam ser partilhados. Por exemplo, alguém escreveu com grande verve, que entrou no primeiro blog por curiosidade, passou aos blogs associados e se perdeu no labirinto. Este ainda mandou um e-mail, outros provavelmente nunca mais ninguém os viu. Como reassurance, devo acrescentar que este não é o labirinto do Minotauro… É certo que este blogue foi dividido bastante cedo em quatro blogues interligados, pois alguns leitores comunicaram que o progresso de quatro linhas diferentes de textos lhes estava a criar confusão.
Outro comentário recorrente é a eventual publicação em livro de uma ou outra das linhas de histórias, por livro significando o suporte em papel, fora do qual nada parece ter seriedade ou permanência. Não sei se ainda assim é. Aproveitando a resposta a um outro comentário,  penso que os blogs são o seu próprio género. Podem ser um exercício em futilidade ou uma caixa de Pandora para quem escreve. Agrupam quem lê por áreas de interesse. Nunca são inocentes e ao entrar na net obtêm o que mais se aproxima da intemporalidade. Como os livros, têm a sua própria difusão, mais do que os livros, nunca desaparecem.
Deve ser aparente a quem siga o blogue com um pouco de assiduidade, que ultimamente este tem atravessado uma espécie de eclipse parcial. A razão é óbvia para quem siga a evolução dos temas dos posts, os quais frequentemente indicam o que vai acontecer se... e que depois efectivamente aconteceu porque...
Repetem-se na Europa problemas cuja solução tem precedentes, repete-se em Portugal uma história que já foi satisfatoriamente resolvida noutros países, repetem-se com as pessoas situações evitáveis, que embora atinjam cada um de forma diferente, acabam por ser deprimentes para todos. Será que a incapacidade de aprender com as experiências passadas se propaga como uma epidemia mortal?
Felizmente, todos os eclipses são por natureza temporários.
JSR