Friday, December 16, 2011

79 - Es ist spät und wir sind müde, Frau Merkel

Gothic Angels...
Está a ficar tarde e estamos cansados das hesitações da Alemanha. A ultima cimeira europeia é mais um exemplo de temporização, do mínimo avanço possível para salvar o Euro e a União, arrancado pelas circunstâncias, um avanço táctico mas não estratégico.
Desde a reunificação, levou tempo até que a Alemanha assumisse as consequências da sua nova entidade no funcionamento da Europa. Os acordos e tratados davam artificialmente o mesmo peso nas instituições da União aos quatro maiores países, apesar da Alemanha se ter tornado muito maior do que os outros três. Hesitou em aceitar as responsabilidades que vêm naturalmente com o facto de ser o país com maior população, ter a maior economia e ser o maior contribuidor para o orçamento comunitário.
As novas gerações perderam os complexos ligados aos conflitos do século passado, mas os dirigentes políticos continuam a privilegiar o veludo da luva que cobre a mão de ferro. Uma precaução útil, não fosse o facto de agora o fazerem com uma mistura de incompetência e voluntarismo maladroit. Até há pouco tempo, insistiam em passar pelas instituições comuns e criar os consensos possíveis, o que não impediu a persistência em seguir um caminho que leve a modelar uma Europa economicamente germanizada. Agora, passam por cima das instituições para estabelecer acordos políticos inter-estados.
Ao mesmo tempo, a França quis contrabalançar a área de influência germânica com uma área latina, sem ter para isso os meios, sem perder de vista os seus próprios interesses e com uma noção inflacionada da sua importância. Esta suposta direcção bicéfala não engana ninguém e compete com as instituições comunitárias. Serve apenas de relações publicas até às próximas eleições nos dois países que, a não ser que alguma coisa inesperada aconteça, devem ser perdidas em ambos os casos.
Quando um navio perde velocidade no mar, fica sujeito a todos os ventos, todas as correntes, o balançar em todas as ondas. Os problemas acima descritos e muitos outros que naturalmente aparecem, podem ser mais facilmente ultrapassados quando em velocidade de cruzeiro, de preferência para um rumo definido. Neste momento há demasiados capitães num navio em perda de velocidade. O resultado é que as grandes decisões estratégicas para a crise presente e para o futuro, ficam subordinadas às tácticas do pequeno eleitoralismo imediato.
JSR

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