Charlemagne par Dürer |
6 - La grandeur de la France...
Charles de Gaulle refugiado em Londres, discursava em 1941: "Il y a un pacte vingt fois séculaire entre la grandeur de la France et la liberté du monde". Ben alors... Vejamos, há vinte séculos ainda as tribos germânicas não tinham sido chutadas pelos Hunos sobre o Império Romano. Bastante mais tarde, os Francos subjugaram os Galo-romanos e à medida que se foi formando a França, “os reis que a fizeram” apropriaram-se de todos os territórios que puderam até à Revolução. Esta culminou com as grandes “libertações” das guerras napoleónicas e prosseguiu no Congresso de Berlim que decidiu a repartição colonial da África. Qual “pacto”?
Quase todos os povos têm a sua arma particular para manter a coesão nacional, a ilusão da diferença, o “nós contra os outros” ou mesmo “nós contra o resto do mundo”. Uns porque são filhos dum panteão de deuses tutelares, outros são “povos eleitos” por um deus único, outros ainda têm a protecção particular dum profeta, dum iluminado, dum ídolo ou dum santo. Também houve a noção de “manifest destiny”... Todas as justificações são boas quando são um meio inofensivo de aumentar a auto-estima e são más quando pretendem ser justificação para descriminação, apropriação de recursos, guerras ou mesmo genocídio.
As nações que conseguem desenvolver durante algum tempo uma cultura dominante num certo território, apoiada pela expansão da língua, comportam-se depois por um longo período como se não se apercebessem da sua decadência. Assim como a China se viu sempre durante os altos e baixos da sua história como o “Império do Meio” do mundo, assim a França se considera desde o século XV como o reino do meio da Europa. Com alguma razão e muitas consequências.
Esse tempo já vai longe, não só para a França como para toda a Europa. Nestas convulsões da zona Euro, o presidente Sarkozy encontrou uma rara oportunidade de obter um protagonismo mais prosaico e de se abrigar à sombra da Chanceler Merkel (no sentido próprio e figurado...) para disfarçar os problemas do seu país que fazem perigar a classificação AAA do seu crédito. Todavia, as medidas de austeridade relativa que tem que impor a uma população habituada a que manifestações e greves façam recuar o governo, não convencem os mercados e poderão provocar a sua queda nas próximas eleições.
Os franceses trabalham pouco, têm férias excessivas, uma multiplicidade de sistemas para reduzir a idade da reforma e a Segurança Social é provavelmente a melhor do mundo. Tudo isto é impossível de sustentar a médio termo e o atraso das reformas indispensáveis apenas se explica pela chantagem dos sindicatos para manter os direitos adquiridos. Como resultado, a economia perde produtividade e recua relativamente aos competidores sectoriais.
Uma das agências de rating, a S&P, acaba de difundir “por erro” a alguns dos seus clientes a informação da baixa da avaliação da França. Por erro? Não, foi um balão de ensaio. Na finança, como na política, o que parece é. O directório franco-alemão é uma ilusão confortável para ambas as partes, mas tão obviamente absurdo para os outros interessados que já ninguém o leva a sério. A França é o próximo alvo dos mercados e Monsieur Sarkozy começou a resvalar pela prancha dos condenados, sobre a amurada do navio da Eurolândia.
(continua)
JSR
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