O último governo e agora os partidos em competição eleitoral, debitam hipócritas encantações populistas em vez de assumirem a realidade. Sabem que as promessas não podem ser cumpridas, porque são contrárias aos compromissos já assumidos junto dos credores para negociar os empréstimos, mas continuam presos à narrativa duma realidade paralela. Wishful thinking.
Seria necessário que os cidadãos tivessem a clarividência de exigir aos partidos que estes apresentassem às próximas eleições apenas os candidatos a deputados que tenham adquirido experiência da vida real, competência profissional e credibilidade pessoal.
O país precisava agora de estadistas. A Europa precisa de estadistas. A maior parte dos países do mundo também. Infelizmente, as democracias produzem frequentemente líderes fracos, periclitantes sobre apoios populares transitórios, e as ditaduras fazem-se quase sempre de títeres corruptos, extremistas e desprezíveis.
Os estadistas não nascem nas árvores, nem nas incubadoras de confortos e privilégios partidários, nem no parasitismo dos favores cruzados com os negócios do estado. Os estadistas têm em comum uma educação de exigência e de liderança, o sentido do dever para com a colectividade, a perseverança em competição na sua realização profissional, o tempero do aço nas provações pessoais e na adversidade. Não cabem aqui, nem membros de nomenclaturas, nem boys, nem jotinhas.
Só com personalidades credíveis e com consciência dos interesses nacionais, se pode esperar o que é agora indispensável: primeiro e imediatamente, os acordos necessários entre partidos para obter os empréstimos; depois das eleições, a escolha de governantes que saibam o que fazem, que ponham o bem futuro do país acima dos benefícios partidários e pessoais imediatos; e finalmente, o golpe de asa ou de rins, capaz de tomar a decisão difícil que se impõe, declarar a falência do Estado, renegociar as dívidas e reformar o país para que a economia possa recuperar em bases mais sólidas.
(continua)
JSR
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