Gothic Manuscript, The Siege of Constantinople by the Turks in 1453 - Guillaume Adam |
Vindas da margem sul do mar mediterrâneo, aumentam as vagas de refugiados que chegam aos países da margem norte. Empurrados pela fome (o aumento inexorável do preço dos alimentos), pela falta de trabalho (uma natalidade explosiva que atropela qualquer progresso económico), pelos conflitos (tribais, étnicos, sectários), pela opressão (religiosa, militar, politica), pelo desespero. Morrem muitos pelo caminho, chegam ainda demasiados para quem os recebe.
Em pleno debate sobre as consequências da imigração, em 1973 foi publicado em França “Le Camp des Saints” de Jean Raspail, antecipando a chegada maciça de velhos navios carregados de refugiados esfomeados vindos dos países pobres do mundo. Em 1990, Michel Rocard era primeiro-ministro e reconhecia que “la France ne peut pas accueillir toute la misère du monde”. Não era profético, era previsível, não só para a França mas para toda a Europa.
O continente europeu conheceu vagas sucessivas de invasores, antes e depois da história escrita. Chegavam em pequenos grupos, tribos ou povos, pacificamente ou em guerras de invasão, vieram do sul, do leste e mesmo do norte. Empurrados por inimigos, pela fome, pelo desejo duma vida melhor. Como agora.
Vaga após vaga, a civilização existente acabava por ser destruída e uma longa noite de barbárie caía sobre o continente. Até se organizar um mundo diferente. Os europeus são descendentes de todas as migrações e todas as invasões. Contudo, por muito desagradável que possa ser a crise que atravessa hoje a Europa, é preciso ter noção do grau de evolução atingido pela civilização actual e que está em risco de se perder devido à ignorância dos povos e à estupidez dos governos. Os europeus não se reproduzem, precisam de imigração, mas não precisam de mais comunidades inassimiláveis que atrasem o processo de união, nem se podem esquecer que os mecanismos de protecção social de vários estados estão em ruptura financeira.
Define-se inteligência como a capacidade de aprender com a experiência, uma capacidade mal distribuída e uma aprendizagem por vezes demasiado lenta. Como dizia Churchill da América, as democracias podem eventualmente tomar decisões inteligentes... mas depois de terem experimentado todas as outras. Serão as democracias europeias finalmente capazes de agir de acordo com as lições da história?
JSR
Como é possível que os países produtores de petróleo do médio oriente e África são ainda os mais empobrecidos e os que originam mais emigração para a velha Europa criando situações de rotura das estruturas sociais e pondo à prova as leis generosas de UE no respeitante à imigração? Há solução à vista? Será que esta vaga de libertação dos regimes não democráticos e eternos vem resolver o problema?
ReplyDeleteAs minhas desculpas pelo atraso na resposta, falta de tempo.
ReplyDeletePara certos países em desenvolvimento, a riqueza em matérias primas pode ser um verdadeiro desastre, um veneno, pela cobiça que geram. Essa cobiça provoca interferências exteriores, prolonga guerras civis e geralmente acaba na sua apropriação por grupos organizados à volta de ditadores, que se apropriam de todos os benefícios e deixam a população na miséria. Depois ainda têm o descaramento de vir pedir à comunidade internacional que os ajude. Os mais pobres e mais desesperados acabam por emigrar e não há nada que os pare.
Esta vaga de descontentamento não vai necessariamente resultar em libertação, nem em democracia, nos tempos mais próximos. Mas está a aumentar e muito, a emigração para a Europa, já de si em crise económica e com os sistemas de apoio social em bancarrota.
A Europa precisa de gente, mas tem que ter a coragem de os assimilar, educar e obrigar a respeitar as leis. Usando a força se for preciso.