Tuesday, January 18, 2011

19 - A Emancipação Artística da América (America’s Artistic Coming of Age)

"Nighthawks" by Edward Hopper
Entre as exposições actualmente no Museu Whitney em Nova York, encontra-se uma particularmente interessante, por testemunhar uma parte do movimento de emancipação artística da América. Uma retrospectiva de Edward Hopper e do seu tempo.
Nos princípios do século 20, os cânones artísticos da América seguiam ainda os modelos europeus. A sociedade endinheirada e os críticos de arte que a serviam, desencorajavam todas as veleidades inovadoras dos jovens artistas inconformados.
Apareceu então Gertrude Vanderbilt Whitney, que fez a ponte entre a burguesia dominante de onde provinha e o grupo de artistas a que pertencia como escultora. Criou um clube que foi o precursor do actual museu e coleccionou uma grande quantidade das obras que constituem ainda hoje a maior parte do seu património.
Esses artistas tiveram o mérito de se dedicar a temas da vida e das paisagens americanas suas contemporâneas, tratadas com as novas técnicas de então, ignorando os cânones do establishment. Retrataram cenas da expansão industrial e da agricultura, da vida nas cidades e no campo, a intimidade das pessoas e a enormidade das máquinas, as transformações e as convulsões do crescimento dum país feito de gentes vindas de todo o mundo. O contraste entre as paisagens da natureza original do continente e o “skyline” das estruturas descomunais feitas pelo homem, como a linha do horizonte com os arranha-céus das grandes cidades.
"Gertrude Vanderbilt Whitney" by Robert Henri
Daí nasceram obras maiores como “Nighthawks” de Edward Hopper e também obras menores como o retrato de própria Gertrude por Robert Henri, “reclinada e de calças”. Conta-se que o marido da retratada nunca permitiu que o quadro fosse pendurado numa parede da sua casa, não queria que os amigos vissem a sua mulher “naqueles preparos”...
Os preconceitos não conhecem fronteiras, variam com a cultura e o tempo, mas fazem parte do lastro obscuro da natureza humana.
JSR 

2 comments:

  1. Então esta parte do comentário não se aplicaria a qualquer século, a qualquer povo, a qualquer lugar: "...os cânones artísticos da [inserir cultura ascendente] seguiam ainda os modelos [inserir cultura dominante anterior]. A sociedade endinheirada e os críticos de arte que a serviam, desencorajavam todas as veleidades inovadores dos jovens artistas inconformados."

    Não é isso a definição de "arte": O que era "trash" para a geração anterior torna-se "high art" para seguinte. Que seja pinturas, música, moda... não seria tal comentário uma espécie de "tautology"? :)

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  2. As repetições dos ciclos da vida e das culturas, decerto, ou talvez
    a tautologia como lógica formal.

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