Saturday, January 15, 2011

18 - A Importância do Voto e de Quem Vota

"The Guardian" by Shannon Rankin
Published 20/1/2011 by "Jornal do Fundão". 
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Numa verdadeira democracia não há eleições ganhas de avanço nem há eleições sem importância. O voto é necessário para separar o trigo do joio, entre os candidatos e, nem sempre se dá a isso a devida importância, entre os eleitores.
Um cidadão que pensa tem opiniões e, quaisquer que elas sejam, é preciso exprimi-las das formas previstas pela comunidade de que se faz parte e nas alturas próprias. Os deveres de cidadania impõem participar na escolha daqueles que nos representam e na gestão do património comum.  
Para os outros, os desinteressados, os amorfos, os que são a carga mais ou menos inútil que a sociedade carrega por solidariedade, é natural que se abstenham, estão apenas a ser consequentes com a sua alienação. Por isso é que o voto não é obrigatório.
Em Portugal, eleger o Presidente da República tem uma importância diferente das eleições legislativas. A constituição dá maior representatividade ao Presidente, como Chefe do Estado, mas atribui a responsabilidade de governar ao partido que ganha as legislativas.
Se a personalidade e os poderes do Presidente devem ser moderadores e podem ser ocasionalmente decisivos no âmbito nacional, têm sempre a maior importância nas relações internacionais. No tempo das monarquias, essa importância traduzia-se nas alianças formadas pelos laços do casamento e do parentesco, que facilitavam a comunicação e os entendimentos, embora não impedissem as guerras quando os interesses dos estados fossem opostos.
No nosso tempo, as afinidades e a empatia substituíram os laços familiares e podem facilitar as relações, embora os interesses continuem a ser primordiais. Em períodos difíceis de conflitos de interesses entre os estados, ou entre um estado e os seus credores, transmitir uma imagem de confiança e de estabilidade pode fazer toda a diferença para os interesses nacionais.
As perguntas principais que os portugueses se devem fazer para estas eleições presidenciais são:
Quem representa melhor a nação que nós somos? Que imagem queremos projectar para o exterior? Quem pode coalescer a credibilidade e o respeito que consideramos nos ser devido e de que tanto precisamos neste período de crise?
Como todos os países, somos compostos por todo o tipo de gente, uns mais inteligentes, experimentados, honestos e apresentáveis do que outros. Mas quando saímos em sociedade, e neste caso trata-se da sociedade das nações, queremos mostrar o aspecto mais favorável. Quando  as circunstâncias assim o exigem ou quando queremos atingir um objectivo, como por exemplo apresentar-nos a um exame ou ser bem sucedidos numa entrevista para um emprego, convém conhecer a matéria e transmitir sentido de responsabilidade.
Com todo o respeito que merecem como cidadãos todos os candidatos presidenciais, francamente há grandes diferenças nos seus méritos em relação aos factores que devem constituir a base duma escolha acertada.
Os eleitores imersos na realidade nacional podem ter filiações partidárias, sentir afinidades ideológicas, sofrer de alergias temperamentais, sentir-se indignados com situações específicas ou discordar de posições politicas, mas devem fazer uma escolha em consciência e exprimi-la pelo voto. Para quem observa de fora, o resultado desta eleição vai dizer mais sobre a essência do pais do que capelas inteiras de políticos, analistas, economistas, financeiros, investidores e avaliadores das agencias de rating.
Na hora da verdade diante do boletim de voto saberemos escolher o realismo dos factos como eles são, ou preferimos a fuga poética para um reino de fantasia?  Saberemos escolher a austeridade do trabalho honesto, ou somos tão ingénuos que seguimos para o abismo os tocadores de flauta debitando utopias ideológicas? Saberemos reconhecer a experiência ou preferimos arriscar na emoção crítica e na aventura?
Que país queremos que os outros vejam em nós? Que país somos realmente? Que país merecemos?
JSR

2 comments:

  1. Como se costuma dizer, nas sociedades livres, cada povo tem o governo que merece... vamos ver.

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