Puccini - La Fanciulla del West |
O Met (Metropolitan Opera de New York) apresentou na antevéspera do Ano Novo a ópera de Puccini “La Fanciulla del West”, com Deborah Voigt, Marcello Giordani e Lucio Gallo, maestro Nicola Luisotti. Barbara Voigt, no papel de Minnie, é substituída nos dias 3 e 8 de Janeiro pela soprano portuguesa Elisabete Matos.
Uma ópera acerca do Far West, dos cowboys que largaram as manadas de vacas para a corrida ao ouro da Califórnia, da rapariga chamada Minnie que dirige um saloon e que cita a bíblia para convencer o xerife e os mineiros a não enforcarem o bandido que ama, é uma história diferente por se referir ao imaginário americano em vez de usar os librettos clássicos europeus. Mas não só. Nesta história não morre ninguém, tem um happy ending moralista, obrigação continuada depois nos filmes de Hollywood, incluindo os de um certo Disney e o seu casal de ratos, Mickey e Minnie.
Esta ópera teve a sua première espectacular no Met em 1910, supervisionada pelo próprio Puccini, com a orquestra conduzida por Toscanini, e com Enrico Caruso, Emmy Destinn e Pasquale Amato nos papéis principais. Depois disso, tem sido representada raramente e com grandes intervalos entre as produções. Mas sempre com grande sucesso critico e entusiasmo dos espectadores.
Vem a propósito mencionar o patrocínio das artes na América. Olhar para as paredes dos átrios ou ler o catálogo do Met, são compêndios de como a economia se torna instrumento de promoção social, quanto custa em doações ser chairman (ou chairwoman) do Board of Directors (US$30 milhões), co-chair e as diferentes categorias de directores (de 20 a 1 milhão), escritos com letras cada vez mais pequenas, de tamanho correspondente à contribuição, abaixo disso já não se consegue ler. Depois há todos os comités e as produções, tratados de forma semelhante e com doações adicionais. Todas as contribuições são bem vindas, evidentemente, angariadas com engenho e arte, deduzidas dos impostos, mas abaixo de um milhão desaparecem do radar do reconhecimento público...
Como se pode perceber através do angelismo natural num libretto de ópera, a América não é para os tímidos. Ainda hoje a maioria dos cidadãos que votam querem manter o espírito de fronteira, o direito a lutar por um lugar ao Sol, onde tudo é possível para quem conseguir sobreviver, mas quem falha, morre. O mais discretamente possível, please, para não incomodar o trabalho e o enjoyment dos outros.
Sem outros comentários, sem comparações e sem julgamentos de valor.
JSR
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